Ele estava um gato. E sabia disso. Levava uma flor na mão e andava decidido pela cidade: precisava reconquistar sua velha.
Era flor pra todo lado. Sem dúvida, um evento na cidade. Ao lado da velha, alheio a toda festa, miava o gato inconsolável.
Flor na lapela, sessenta na identidade, ele continuava um gato. Suspirava a velha sem saber das suas noitadas na cidade.
A velha era alérgica àquela flor, mas fingiu satisfação. Não fosse o miado insistente do gato, a cidade nunca a teria encontrado.
A velha morava na rua, pelos cantos da cidade, sempre acompanhada de seu gato, que apesar do fedor só atendia por Flor.
Era Flor pra cá, Flor pra lá, os dois bichinhos eram a alegria do vovô. Até que a velha cansou daquela palhaçada e preparou um delicioso churrasco de gato pra garotada da cidade.
Cega de raiva, a velha saiu pela cidade atrás do gato que comeu a última flor do seu jardim.
Delicada como uma flor, mas ardil feito um gato traiçoeiro, a velha freira tramava contra a cidade e o convento inteiro.
O gato era da cidade, mas nem deu bola para a velha caipira, que se achava sempre na flor da idade.
Bem me quer, mal me quer, pensava a velha na praça da cidade. Despetalava uma flor, ainda esperando o gato da frase anterior.
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